10 de mai. de 2010

Em tempos de Alice, Sandy lança Manuscrito



> Para mim, ela é uma princesa. Os agora 20 anos de carreira, no entanto, só provam que de boba ela não tem nada. Sandy é uma artista genuína que mostra, mais do que nunca, saber o que quer. Quem estava esperando um som popzinho vazio camuflado de pop/rock como os trabalhos de Marjorie Estiano ou os de início de carreira de Wanessa Camargo, errou. Quem achou que a vibe seria Norah Jones brasileira ou um som chato e que só agradaria aos engomadinhos admiradores do jazz, também errou. Então, qual é o rotulo? Pelo jeito, teremos que achar referências mais distantes da obviedade para desencaixá-la do nosso imaginário pré-definido do pop que ela produzia e entender quem é essa nova artista.

> Depois de ouvir as 13 músicas, 2 nomes me vieram à mente: Sara Bareilles e Anna Nalick. As duas são referências do mundo pop, porém, Sara entra numa linha compositora-pianista e Anna Nalick aparece mais nas faixas voltadas pro Pop/Rock (sim, ouçam "Sem Jeito"). É, das cantoras brasileiras que eu conheço, não consigo apontar nenhuma que faça música de uma forma parecida. O cd, produzido por Junior e Lucas Lima, já saiu com 50mil cópias vendidas e foi bem recebido pela crítica. Pela primeira vez na sua carreira, Sandy pode ser vista por dentro. Em Manuscrito, 100% autoral, ficam claros momentos de tristeza e reflexão que percorreram aquela cabecinha de 27 anos durante o hiato de 4 anos entre o lançamento do Sandy e Junior (2006) e seu novo cd.


> "Dedilhada" e "Perdida e Salva" trazem uma sonoridade mais brasileira, enquanto "Dias Iguais", com participação de Nerina Pallot, é, na minha opinião, o destaque do cd. "Tão Comum" traz um swing bem imprevisto e é a show-off dos músicos com espaço até pra solo (oh really Junior?). Talvez "Pés Cansados" tenha sido escolhida por representar melhor a aura autoral que percorre todo o projeto, vai saber.  "Tempo" é a suspeita para 2º single depois de ser cantada no Caldeirão e "Quem Eu Sou" bota um ar mais jovem e "Sandy e Junior classic" a um cd que peca pela similaridade de melodias e vocais, não traz inovação de postura nem grande versatilidade, no entanto, consegue atingir o que se propõe: mostrar ao público uma nova artista com voz já consagrada. Ela voltou humilde, de cabelos curtos, com a candura de sempre e disposta a começar do zero. Vamos ver no que vai dar!

3 comentários:

Anônimo disse...

Deixa de ser puxa-saco, este CD da Sandy é até bunitinho, mas é de um cansaço, de uma lentidão de dar sono. Quem dera se ele tivesse colocado pelo menos um pop gostoso como o som da Marjorie, ou aquele som mais lento, mas muito bom da Narah Jones.

Unknown disse...

Depois desse teu post teria tranquilamente, posso assim dizer, vontade de ouvir o cd. Quem sabe algum dia? =)

Juuuu disse...

Falou muitíssimo bem, e com propriedade!
Esse cd é bem ela...leve, calmo e poético...eu sou suspeita a falar, assim como ela tb amo a poesia. Mas, os arranjos tb chamam mta atenção.
Engraçado que diferente do amigo anônimo que falou acima eu prefiro as músicas "lentidão de dar sono" do cd, do que as mais agitadinhas.
Enfim, ela simplesmente ARRASOU nesse lançamento...é um excelente recomeço.