Replay Pop

> Nao, definitivamente nao estamos mais no final da decada de 90. Ontem nos achavamos super sensual e ousado as mini-saias da Emma das Spice Girls, ou o clipe dos Backstreet Boys em que eles ficavam molhadinhos e sem camisa. Naquele tempo Madonna ja tinha um publico muito velho pra nos, que ouviamos NSYNC, Britney Spears e Christina Aguilera no taaalo. Ha 11 ou 12 anos atras, o sorriso contava mais que o quadril e os escandalos e polemicas apagavam e nao acendiam as carreiras dos artistas teen. Quanta diferenca! Bom, assim fica ate facil pra Miley Cyrus chegar, a beira dos 18 anos, e fazer todo um reposicionamento de marca: muda publico, embalagem, direcionamento e repertorio. Ate ai alguem ficou surpreso? Eu nao! Mas, ainda assim, acreditem, a sociedade americana ainda acha absurdo que a sua mini-diva infanto-juvenil tenha vontades de uma adolescente em plena experimentacao da sexualidade e faca coisas "anormais" como: tirar fotos sexy no espelho mostranho a barriga, dancar imitando as strippers, rebolar em cima dos caras na boate e dizer, sem medo, que NAO OUVE E NAO GOSTA DE MUSICA POP. Nossa, que revolucionaria! Ah gente, hoje em dia o senso do que eh "cool" e "sem graca" mudou muito e, pelo jeito, a tal rebeldia eh mais estrategica que espontanea. Miley entra agora na zona das que sao seguidas por paparazzi, das que aparecem nas manchetes de blogs de fofoca e das que vendem muita noticia. Proximo passo? Aparecer sem calcinha no lancamento do proximo filme. Brinks! Ta bom, mas por que o nome do post? Check it out:

"Para aqueles que nao me conhecem 

eu posso parecer um pouco louca,

tenho que seguir meu caminho 24 horas por dia

 porque eu sou tao quente assim

Todo cara em toda parte me da atencao 

como se eu estivesse sob inspecao

eu sempre fico ate as 10 

porque eu fui feita pra isso."

(Miley Cyrus - Can't Be Tamed, 2010)

"Todas as pessoas olham pra mim 

como se eu fosse uma garotinha

Voce acha que eu ia achar legal 

viver num mundo como esse?

Sempre dizendo 'garotinha nao ponha os pes na boate'

Bem, eu so estou tentando entender o porque,

pois dancar eh o que eu gosto"

(Britney Spears - I'm A Slave 4 U, 2001)

> Cada uma do seu modo, estilo musical e seu proprio tempo, Miley e Britney conseguiram se libertar dos moldes pre-fabricados que circundavam seus estereotipos na midia, que sempre tentou controlar suas atitudes, declaracoes e claro, roupas!  Can't Be Tamed eh, pra Miley, o grito de liberdade e o exorcismo do alter-ego Hannah Montana que a levou a vender 15 milhoes de copias em menos de 5 anos; enquanto que Slave foi, pra Britney, a porta de entrada na nova postura sexy e "nem ai" da queridinha dos americanos. Eu so espero que Miley nao tenha que passar pelo mesmo que a sua coleguinha veterena passou pra entender os limites da fama.  Bom, de qualquer maneira, agora a gente ja sabe: eh so prepararmos as cameras, se proteger dos guardas-chuva e esconder as maquinas de raspar cabelo. Sorry

Arte imitando a vida

> Olha, eu nao estou querendo dizer que Luan Santana John Mayer ja deixou uma noiva no altar mas, convenhamos que ele tem A FAMA de playboy, do tipo que faz as menininhas (famosinhas) se apaixonarem pra depois dar um pe na bunda. Foi assim com Jennifer Aniston, com Jessica Simpson e a lista se estende mais ainda. Bom, se ele melhorou eu nao sei, mas que esse clipe vai alimentar ainda mais essa fama de bay boy, ah isso vai! Mas, voces sabem do que eu to falando mesmo?

> Do clipe de Half Of My Heart, terceiro single do mais recente album de John Mayer Battle Studies. Lembram que eu postei aqui no blog que quando ele lancou o cd, em Novembro passado, Half Of My Heart teve um boom de downloads superior ao primeiro single Who Says so por causa do featuring de Taylor Swift? Ok, nao? Tudo bem. Pois eh, agora a musica virou single. E nao eh que o clipe eh legal? Eu juro que esperava que Taylor Swift aparecesse no final como a noiva que eh deixada no altar mas, a participacao dela se limita a poucos segundos no maior estilo backing vocal cantando "Can't stop loving you" mais pro final da musica. Oh John really? Vou te dar umas aulas de marketing oportunista!

> Eu confesso que prefiro Heartbreak Warfare como musica mas o clipe de Half Of My Heart ate me faz acreditar que a musica vai deslanchar mais que a anterior. E, por favor, deixa a monotona Who Says no chinelo neh? A musica esta em #75 no Hot100 da Billboard e, por enquanto, beeeem longe do pico de #25 na semana de lancamento do cd. E eh assim que John Mayer vai continuando sua sequencia de musicas-que-todo-mundo-gosta e agradando meninas e meninos com suas letras meio autobiograficas. 

O vinho Céline Dion

> Afe, não suporto essa mulher da música de Titanic. Ok, agora podemos sair dos anos 90? Obrigado! Bom, a ideia do post veio depois de assistir o novo DVD de Celine Dion, Taking Chances Would Tour, nessa semana [depois da minha irma quase saquear a Saraiva pra te-lo logo em maos]. E sem medo de ser feliz eu posso dizer: que ESPETACULO! Celine eh perfeccionista como toda boa grande Diva e o seu toque delicado, elegante e romantico esta presente nos varios elementos que compoem uma das mais bem sucedidas turnes mundiais de uma cantora solo. Da escolha das musicas ao figurino, da interacao com o publico aos arranjos das musicas, tudo tem a cara dela e, devo dizer, a cara eh otima. 

> Desde que venceu o campeonato musical europeu em 1988 ate hoje, ja vao mais de 20 anos de uma carreira de fazer inveja: 5 Grammys, 1 Oscar, mais de 200 milhoes de albuns vendidos e muito, MUITO talento. Sim, o topo jah passou ha mais de uma decada, (junto com o Titanic) mas a ausencia de hits desde I Drove All Night de 2003 nao apaga ou atrapalha o sucesso, reconhecimento e relevancia de uma mulher que, aos 42 anos, quer se renovar a cada novo cd, turne e projeto. Depois de analisar cada minuto do show, eu concluo que encontramos a inspiracao para o filme O Curioso Caso de Benjamin Button [tirem suas proprias concluoes com a foto abaixo]. Eh uma pena que a febre tenha chegado tao cedo.

> Ela era beeem breguinha e com uma vibe bem Susan Boyle no inicio da carreira, alem disso, o fato de namorar um cara 25 anos mais velho so piorou as coisas. Definitivamente HOJE ela teria que tirar muitas pecas de roupas pra alcancar tudo que conquistou na sua trajetoria. Pra quem lembra das materias que faziam com ela na epoca de My Heart Will Go On, pode facilmente associa-la ao topete que usava na epoca da turna de divulgacao do seu multi-platinado Let's Talk About Love. Mas adivinha? A Celine do show que eu vi nao renega os louros da carreira e continua cantando a hoje insuportavelmente manjada My Heart [voces sabem o resto], mas pouco se parece com a recatada filha de pais franceces, nascida em Quebec, no Canada. Hoje nao lhe falta presenca de palco, gingado, simpatia e muita, muita seguranca. Ela conhece o seu publico, sabe a sua idade e animar a plateia que, definitivamente, nao acompanha o seu nivel de empolgacao.

> Do ultimo cd que da nome a turne entraram 6 musicas: a faixa-titulo, My Love, que leva todos os fas a emocao, e mais 4 que nao tiveram tanto destaque assim. As outras? Dividem-se em grandes sucessos e covers. Power Of Love, Because You Loved Me e To Love You More toooodo mundo conhece, assim como a que me arrancou momentos de total arrepio: All By Myself. Ok, ela sempre foi conhecida pela grande voz e timbre unico, mas ver essa voz intacta depois de tantos anos, eh pra chamar pra briga os fas de Mariah e Whitney que passaram anos questionando o topo de maior vocalista de todos os tempos.

> O show eh extenso, entao, ha tempo pra um tributo a Queen com We Will Rock You e The Show Must Go On, uma passadinha pelos excessos de James Brown com It's a Man's Man's Man's World e, mais uma vez, a versao do sucesso de Tina Turner que ja ficou consagrada na sua voz, River Deep, Mountain High. Ela fecha com a obvia My Heart Will Go On e deixa o estadio gigantesco de Boston pra voltar pra casa com seu maridao-vovo e seu filho que ate pouco tempo atras queria fazer o papel de Sansao no cinema. Mas calma la. So pra finalizar, nao esperem nada muito musicalmente contemporaneo ou sexualmente sugestivo. O espetaculo eh indiscutivelmente adulto e a forma de brilhar que ela encontrou nada lembra as Madonnas, Mariahs e Britneys: ha espaco para todas nos nossos iPods.

A queda?

> Ela tentou, tentou e tentou, mas, os 4 anos de hiato entre os lancamentos do seu album anterior e o mais recente,  Back To Basics (2006) e Bionic (2010) respectivamente, foram implacaveis e sentenciaram sua atual posicao no mundo pop: uma popstar em queda livre. O post chegou com bastante atraso ja que tive acesso ao conteudo do album desde os ultimos dias do mes de Maio, porem, uma analise mais profunda do trabalho que me permitisse fazer um post o mais imparcial possivel me impediu de faze-lo antes. Ok, mas como assim? Christina Aguilera eh, das cantoras Pop, a que eu mais admiro, me emociono e acompanho desde 2002, quando comprei aquele maldito e viciante Stripped e o dvd [do primeiro cd] My Reflection naquele ingenuo Dia das Criancas. Ate hoje rola emocao, tensao, arrepios e de vez em quanto gritos quando me deparo com novos conteudos da carreira dela entao, por isso, tentei considerar tudo antes de dar meu parecer.

"I feel like our world's been infected

and somehow you left me neglected

we've found our lives been changed

babe, you lost me" 

(You Lost Me)

> Vamos ao que interessa? Lady Gaga, Lady Gaga, Lady Gaga. Ue, claro que sim. Se alguem achar alguma critica do Bionic que nao faca mencao ao novo icone Pop do seculo XXI eu posto agora! A Billboard Brasil, a Billboard americana, a Rolling Stone, a MTV, e as citacoes nao param. Eh nesse clima de "ja ganhou, ja ganhou" envolvendo a sua suposta "fonte de inspiracao" que Christina volta nao dos mortos mas talvez dos em coma a uma esfera Pop dominada por producoes sinteticas, rapidas, autotunadas e sexy, sempre sexy. E qual eh o som da vez? Electropop, Pop. Ok, sentenca dada: flop! Nao, nao estou falando que o trabalho apresentado depois dos varios meses de producao e anos de espera merecam numeros de estreia inferiores aos lancamentos de Glee e Eclipse ou um recorde de maior queda do primeiro lugar na historia do Reino Unido (#1-#29). O quero dizer eh que essa ERA estava fadada a morrer desde quando ela coincidiu, pela primeira vez, estilo proprio e estilo modinha e lancou, em caminho oposto ao Back To Basics, o som que todo mundo ja estava ouvindo. O resultado? Not Myself Tonight soando uma producao saida de um album do Timbaland de 2007 e um cd projetado como futurista e resultando em uma verdadeira frustacao mercadologica. Ela continua com o vozeirao de sempre, o mesmo ego inflado e, infelizmente, ruim pra fazer playlist. Depois do Bionic com 18 faixas, Back To Basics com 22 e Stripped com 20 fica claro que, pra ela, ser resumida eh algo dificil, seja no numero de faixas, ou no discurso cansativo de como gosta de se expressar sexualmente e ser livre ou ainda na historia de sua triste infancia que eh repetida exaustivamente (nao so por ela) a cada entrevista com um proposito mais intimista.

"Many times imitated,

not duplicated can't be replaced 

Na-na-now, lemme spell it out

everybody can shout my name 

X-X-X-T-T-T-I-I-I-N-N-N-A"
(Bionic)

> Entao porque voces devem ouvir esse cd? Convenhamos: depois de Mariah perder boa parte da voz e cansar de tanto querer ser gatinha e Whitney Houston sofrer pra acompanhar os agudos das suas proprias musicas, nao restam duvidas de que Aguilera tem hoje a maior e mais versatil voz do mundo pop. Por sinal, esse eh o grande trunfo do Bionic: conseguir domar os vocais super-poderosos e revelar diversas facetas e texturas de uma das 100 maiores vozes do mundo da historia da musica segundo a Rolling Stone. Pra quem quer batidao e letras de DIVA tem Glam, Prima Donna e Vanity. Quem gosta das otimas baladas de vocais inacreditaveis, fiquem com You Lost Me e Lift Me Up. Quem quer ouvir um som diferente do que ela ja fez e ser apresentado ao gostinho de futuro que Aguilera conseguiu imprimir ao Bionic deve ouvir a faixa-titulo e Elastic Love. E se a fraqueza das outras cantoras eh a falta de personalidade e falta de conexao das suas musicas com suas verdadeiras historias, com ela da pra notar que a veia artistica pulsa de dentro pra fora. Duvida? Oucam All I Need , dedicada ao seu filho Max de 2 anos, e I Am, mais uma da sequencia de cinco-baladas-sem-parar que mostra, mais uma vez, uma Christina vulneravel, sem excessos e nos dando o motivo pelo qual costuma ser reconhecida: vocalmente impecavel.

As letras? Novamente proprias e algumas poucas de outros artistas, incluindo a vaga reservada de Linda Perry nos seus albuns, dessa vez com Lift Me Up. Tirando o teor sexual e women-empowerment do alter-ego Xtina das faixas rapidas, sobram as baladas que, mais uma vez, extraem o que ela tem de melhor.  A producao? Bem longe da obviedade, Aguilera convocou produtores de musica eletronica como Sia, Ladytron, Goldfrapp e M.I.A. que nao sao nada conhecidos no universo de producao musical pop para fazer, na minha opiniao, o seu cd mais bem produzido. Ja sao 11 anos de paradas musicais, clipes, capas de revistas e turnes e esse eh, sem duvida, o momento mais critico da carreira. Como fa, so posso desejar que as luzes que a ofuscaram voltem a brilhar e que o show continue com plateia. Se nao der, creio que nem ela mesma esteja tao preocupada: com menos de 30 anos, casada, bem-sucedida e agora mae, a realizacao jah chegou, nao importa se em 1 ou 10 milhoes de copias. 

Diga Waka Waka!

> Se todas as propagandas possiveis e imaginaveis, assim como a maior parte da programacao da TV aberta so fala na Copa, por que o mundo da musica ficaria fora dessa? As suas musicas hoje em dia nao sao as mais famosas, seus cds nao sao os que mais vendem e seu nome nao esta entre os mais buscados do Google, porem, Shakira eh definitivamente a artista mais global do universo Pop. Ela eh colombiana, casada com um Argentino, mora nos Estados Unidos, eh embaixadora mundial da Unicef, fala portugues, ingles, espanhol, arabe e italiano e esta a frente da musica oficial da Copa do Mundo na Africa do Sul. Sao muitos paises, muita multiculturalidade e muito talento em apenas 1,52m. E ela consegue!

 

> Como nao poderia ser diferente, o clipe eh bem universal, simples, nada de extravagancias de Diva. Shakira humilha [mais uma vez] dancando ritmos africanos e latinos em meio a uma galera de artistas e dancarinos africanos que fazem ate uma participacao em alguns versos da musica. E as imagens da Copa? Para os fanaticos as imagens podem tirar o folego e para os que nao sao, tambem. Tudo comeca numa cobranca de penalti e termina com a multidao de figurantes do clipe fazendo gestos coreografados com as maos, estando em meio a isso as olas, os lances inacreditaveis do futebol, alguns jogadores high profile posando com a bola no pe, ou na mao, ou na cabeca e varias imagens da selecao brasileira CLARO! Eh assim Shakira que consegue entregar uma musica que tem a cara da Africa e eh cheia de energia positiva. Muito bom!  

Tava demorando...

> Usher acaba de elevar a maxima potencia o seu papel de padrinho artistico de Justin Bieber. Depois de produzir o cd, dar credito das radios black as suas musicas e, vamos combinar, pedir pro Ludacris fazer o rap de Baby, ele agora gravou o clipe de uma versao remixada de Somebody To Love, terceiro single do My World 2.0 (ou My Worlds pro resto do mundo). E ainda tem mais: adivinha quem ensinou Justin Bieber a dancar? Sim, porque os passinhos sao identicos e os dois mais parecem primos que cresceram juntos.

> A verdade eh que Somebody To Love me parece, diferente de Baby e Never Let You Go, capaz de atingir outras audiencias e convencer talvez os que fazem careta ao ouvir o nome Justin Bieber. Por que? Ah, a batida eh legal, o clipe eh bom e tem Usher neh gente? Por falar em clipe, alguem avisa ao diretor que a gente jah viu como eh legal o efeito de fazer sumir as coisas quando Bieber passa na frente e que ele nao precisa usar o mesmo efeito 50 vezes? Ok, obrigado. Eh isso meninas, aproveitem enquanto ele ainda nao cresceu e ainda eh novidade, porque ja sabem neh? Pode ser do topo dos charts direto para a delegacia. Qualquer duvida, perguntem a Chris Brown.

Qual o masculino de DIVA?

> Tirem suas próprias conclusões! Adam Lambert está em êxtase supremo em If I Had You, terceiro single do seu cd For Your Entertainment lançado em Novembro. E por que todo mundo ouve falar nele e ninguém sabe quem é Kris Allen? (o vencedor do Idol passado). Ok, quantos CANTORES POP existem e fazem sucesso hoje? Tempo esgotado! Adam soube se posicionar num mercado Pop cheio de cantoras em alta e justo quando o maior nome masculino, Justin Timberlake, está na geladeira. Eu juro que não botava fé que o público americano fosse digerir todo esse excesso de Lambert, principalmente depois da polêmica 1ª apresentação ao vivo no American Music Awards no ano passado. Nada disso! Whataya Want From Me chegou ao Top10 do Hot100 e tocou muito bem nas rádios. Como consequência, o álbum continua vendendo bem e está perto da marca de 700 mil cópias. 

> E o que tem no clipe? Alguém conhece o britânico Boy George? Pois é, o cabelo estilo mocaino comprido deixou as semelhanças ainda maiores com um dos mais famosos artistas gay da década de 80, cantor, compositor e integrante do grupo Culture Club. E a postura tá bem essa mesmo. As músicas de Adam são quase sempre fiéis à sua personalidade e talvez com esse clipe a tradução do seu alter-ego tenha sido a mais fiel até agora. Ele dança em cima de sapatos plataforma, aparece todo maquiado, faz caras e bocas rodeado por dançarinos em clima de orgia, enfim. Sem pedir licença nem desculpas, Adam é mais uma expressão da contemporaneidade jovem e que tem um futuro bem estrelado pela frente.  

O império do efêmero

> "California Gurls we're unforgettable". Tem certeza Katy? Eis que chega mais uma musiquinha alegrezinha e prontinha para o verão. California Gurls está pela 2ª semana consecutiva em 2º lugar no Hot100 da Billboard e pretende ficar lá até o verão acabar. Quando o clipe foi lançado essa semana, ela foi parar no Trending Topics e nesse mundo super-hiper-mega-rápido e globalizado, 2 milhões de pessoas já viram a peruquinha cinza que ela usa o clipe todo. Se você ainda não viu, vem cá ó! Eu confesso que tinha ficado otimista quando soube do lançamento do projeto Unplugged da MTV que mostrou ela em forma mais intimista, com direito a violão e desafinadas pra todo mundo ver. 

> Ok, mas quem assistiu? E por que só 7 músicas? I Kissed A Girl ganhou versão repaginada, Thinking Of You mostrou a todos como NÃO se deve cantar ao vivo e Waking Up In Vegas mostrou o que ela tem de melhor: talento como uma jovem compositora de hits irônicos e uma beleza irrefutável. E eu acho que para por aí. Falando um pouco do clipe, agora entendo porque demorou mais de 1 mês pra sair: os efeitos especiais são muito legais e bem utilizados, assim como Snoop Dogg que casa bem com a imagem de cantora-humorista de Katy Perry. O bom é que ela está dançando, semi-nua e sarada e o ruim é que ninguém vai lembrar dessa música daqui a 5 anos. É, muita gente assinou que ela seria one-hit-wonder e tava só esperando o momento que ela não faria mais sucesso, porém, graças à Califórnia, todo mundo vai ter que esperar um pouco mais. Go Katy!

O novo idolo Sertanejo-Pop

> Isso mesmo. Luan Santana eh a capa do mes de Junho da Billboard Brasil. Mas quem eh Luan Santana? Calma gente, nem todos sao compradores da Capricho ou assistem ao Domingao do Faustao. Sim, porque essas talvez sejam algumas das poucas desculpas para nunca ter ouvido falar no cantor que tem sido rotulado de "Justin Bieber brasileiro". Ele tem 18 anos, eh do coracao do Brasil, e tomou as paradas de sucesso beeem rapidinho. Ah, entendi, mas o que o Justin Bieber tem a ver com isso? Ele tem a cara do John Mayer, canta sertanejo e nao R&B Pop e tem voz de homem e nao de crianca. Que tal o publico? Bingo! O sucesso? Tambem! Porem, nao se enganem, as letras sao bem cliches, piegas e do romatismo mais barato a la "te dei o sol, te dei o mar pra ganhar teu coracao".

> Quem acompanha a parada nacional de venda de cds pelo site da ABPD viu claramente que Justin Bieber vem dominando as paradas desde a primeira semana de Maio e adivinha quem vem em segundo lugar? Luan. A estrategia eh a mesma: rostinho bonito, voz bonita, pose de popstar, milhoes de apresentacoes na TV, shows de divulgacao e nenhuma namoradinha a vista. Ta feito! Disco de Platina para os dois, sucesso nas redes sociais, milhoes de views no Youtube e premios de popularidade. Eu ate concordo que a veia artistica em Luan eh mais pulsante e que a musicalidade sertaneja ta bem representada nas suas musicas, mas, por esse tipo de visibilidade ser uma mina de ouro no Brasil (por se tratar de um mercado bem deteriorado pela pirataria) consigo ver claramente esse menino ser explorado ao extremo e ficar com a imagem desgastada a exemplo do quem acontecido com seu parceiro de trajetoria.

> Ao que parece, essas ondas de popularidade no meio sertanejo chegam a cada 2 anos e a luta para permanecer relevante perante a massa tem sido cada vez mais ardua. Confesso que nao curto esse estilo musical mas acho valida qualquer iniciativa que traga bons resultados pro mercado e que seja cada vez mais incentivada a multiplicidade de ritmos, estilos e artistas, acho que desse jeito todo mundo sai ganhando. Entao, Victor e Leo que se cuidem, pois o nome do sertanejo agora eh solo e ta so comecando. =p

O bizarro virou pop ou o pop virou bizarro?

> Para todas as pessoas ligadas ao mundo Pop, o dia 7 de Junho estava marcado como a estreia do novo clipe de Lady Gaga, Alejandro. A promessa era grande: mais de 7 minutos de extravaganças do mundo Gaga e uma homenagem ao amor gay como foi anunciado desde as previews monocromáticas do clipe que saíram há mais de uma semana. Pois é, a verdade é que o clipe estreou somente hoje e, para minha decepção, Alejandro não repete, nem de longe, a estética visual e conceito louquinhos, porém legais, de Paparazzi e Telephone, isso sem falar de Bad Romance e as suas 180 milhões de visualizações no YouTube. 

> A estratégia foi agressiva e fugiu bastante das estéticas multicoloridas dos seus clipes anteriores. Um batalhão de covers de Zacarias (é galera, de Os Trapalhões, creiam!) marcharam em boa parte do clipe e se quebraram todos com direito a ombrada quase deitando no chão, enquanto o contexto da música foi parar onde? Bom, uma coisa é certa. O que mais chamou atenção não foram os zacarias sem camisa ou o fato de que Gaga nunca esteve tão esquisita e magra em um videoclipe mas sim o teor religioso e contestador do vídeo. E o que nos vem à mente quando pensamos em religião+pop+videoclipe? Like A Prayer, diretamente de 1990, há 10 anos atrás trazia Madonna em um dos seus mais polêmicos clipes trazendo à tona um debate sobre o racismo e uma nova forma de enxergar os padrões pré-estabelecidos do cristianismo. 

> Ok a proposta de Gaga não foi essa mas acredito que o take em que ela engole um terço deva ter enfurecido vários representantes da igreja, isso sem falar no modelito de freira com um crucifixo em formato de pênis estampado na roupa beem naquela região mesmo. Assim como em Telephone, as imagens no começo do vídeo prometem e revelam o trabalho do diretor mostrando seu melhor argumento. Porém, não se enganem, a melhor parte fica e morre no começo. Quanto ao sucesso? Ah, estamos falando do maior nome do mundo Pop atualmente e que ultimamente tem sido a própria materialização do Rei Midas da mitologia grega: tudo que toca, vira ouro (ou platina). Go GAGA!

Finally Diva

> Vamos ver se concordamos: alguém achava que Kelly Rowland faria sucesso como artista solo depois do fim da carreira brilhante da mais bem sucedida girl band da história Destiny's Child? Tendo Beyoncé como companheira e por que não dizer, concorrente, ficou beem difícil. Pouca gente lembra, mas, o primeiro álbum da prima de Bee saiu no final de 2002, quase 6 meses antes do premiado Dangerously In Love, lançado no verão de 2003. O início de Kelly como uma nova artista parecia promissor: Dilemma, dueto com Nelly [que estava no auge na época] permaneceu por 12 semanas no primeiro lugar da Billboard e ainda ganhou o Grammy por melhor colaboração de Rap. Ah mas que maravilha, por que ela não fez sucesso? Stole, Can't Nobody e Train On A Track foram os 3 singles do seu primeiro cd que vendeu bem menos do que o esperado - cerca de 600,000 cópias.

> As Destiny's Child voltaram em 2004, fizeram sucesso novamente - na época com Beyoncé declaradamente mais destacada do grupo - em álbuns, singles e turnê e Kelly tentou de novo. Em 2007 lançou Ms. Kelly e flopou novamente. Em épocas de vendas decadentes, os números do cd foram ainda mais modestos: cerca de 300,000 cópias nos Estados Unidos. Tem um lado bom? Sim! Se Like This, Ghetto e Daylight foram friamente ignoradas em terras do Tio Sam, Work e sua sonoridade diferente do R&B previsível e parecido com as batidas manjadas do mercado urbano americano ganharam destaque no Reino Unido. O 3º e 1º singles Work e Like This, alcançaram a 4ª posição dos singles mais vendidos do Reino Unido. 

> E não, isso não foi inédito pra ela. Desde o Destiny's Child o sucesso na Inglaterra era estrondoso e isso se refletiu no top5 no chart de singles para os dois primeiros singles do cd de estreia Simply Deep (#2 e #5), assim como a estreia em #1 e #4 no chart de álbuns para seus dois lançamentos em 2003 e 2007 respectivamente. Tá mas não foi o suficiente. Aproveitando a onda David Guetta, When Love Takes Over trouxe a um alcance mundial o que Work tinha conseguido apenas em terras britânicas: um hit! 


> Como falei no post do dia 20, parece um casamento perfeito entre a batida dance e os vocais de Kelly. Commander é o primeiro single beeem antecipado do álbum que está previsto para Setembro. O título do post é explicável para quem já viu o novo clipe. A produção não é lá essas coisas e nem é inovador [pelo menos não pra quem acompanha de longe a videografia de Janet Jackson] mas finalmente vi Kelly, pela primeira vez, com pose, postura e atitude de uma diva, indo nos trilhos de um longo caminho rumo ao que sua "prima" se tornou hoje.