2 de jul. de 2010

Complexo de Hancock - o Bad Boy indomável


> Eu devo confessar: nunca tinha parado para ouvir um cd INTEIRO de Eminem. Então, sinto como se tivesse sido introduzido pela primeira vez POR INTEIRO a todo o universo pesado, nebuloso e desbocado do rapper mais popular e bem-sucedido da história! Chamem do que quiser: mal-educado, prepotente, maloqueiro e até do codinome preferido, ENCRENQUEIRO! Mas vem cá, se depois de mais de 10 anos e milhões de cds vendidos, hit atrás de hit e encrenca atrás de encrenca ele continuou sendo a mesma figura pública de controvérsia e polêmica que seeempre chama a atenção, tá na hora de reconhecer que algo está dando muito certo. 

> E, dessa vez, ele não veio de mãos abanando. Depois do último álbum Relapse ser o mais fraco da sua discografia, representando um quase retrocesso à sua trajetória que caminhava cada vez mais em direção a uma maturidade não só musical, mas também de postura, ele agora se recupera (precisava fazer esse trocadilho, sorry) e auto-congratula seu novo cd como muito melhor que os outros dois últimos, argumentando que dessa vez ele está de volta, com tudo, se sentindo pegando fogo novamente. Segundo ele, o bom e velho Eminem voltou! Mas nem é bem assim. O homem que nunca baixou o tom de agressividade nas suas letras e que mais parece ter um buraco no lugar do que deveria ser um coração, abaixa um pouco a guarda: ouviu as críticas enaltecedoras do último trabalho de Jay-Z The Blueprint III e quis fazer parecido chamando Rihanna, Pink, e se permitiu pela primeira vez, em alguns  momentos, soar como um cantor de hip hop e não de rap. É, agora posso ouvir o seu cd do início ao fim sem precisar parar pra respirar e vomitar um pouquinho as toneladas de palavras que são empurradas ouvido a dentro.

> Se o velho Eminem voltou com tudo? Talvez os que o conhecem desde o início possam dizer com mais propriedade que eu, que tenho visto sua carreira de longe, tenho acesso apenas às escolhas de singles e hits consagrados como Lose Yourself, The Real Slim Shady e Stan. O que eu sei é que o Eminem que eu conheci me parece melhor, mais envolvido com a produção e sonoridade dos seus álbuns e disposto a falar abertamente das suas fraquezas, botando até uma meia dúzia de "hearts" e "loves" no conjunto exaustivo e repetitivo de letras que mais parecem um diário. Cold Wind Blows é o resumo do estereótipo que a maioria das pessoas que ainda não tiveram oportunidade de vê-lo por dentro têm: frio, bruto e insensível, "as cold as the wind blows". E aí chega Talkin' 2 Myself e começa uma das temáticas mais recorrentes do cd, a solidão:

"Tem alguém aí? Parece que estou falando sozinho
Ninguém parece saber da minha luta e tudo que eu passei
Alguém pode me ouvir? Eu acho que ainda estou falando sozinho
Parece que eu vou enlouquecer, sou eu que estou ficando louco?"
(Eminem - Talkin' 2 Myself)

> A faixa 7 é o primeiro single Not Afraid, que estreou em #1 na Billboard Hot100. Gente, eu juro que se tivesse lido a letra em português traduzida teria chutado que era de alguma banda de Pop/Rock como Nx Zero ou Fresno. A letra é de um tema tão universal e de uma positividade tamanha que chega a ser fofa! Ouvir Eminem dizer que "todos podem pegar na minha mão e andarmos juntos" é tão paradoxal quanto ouvir um rap de Sandy feat. Xuxa. Não é à toa que o impacto inicial da música foi ótimo e ela já está começando a tocar nas rádios Pop também. Depois prestem atenção na ponte e ouçam as notas mais agudas já cantadas por Eminem, que investe finalmente em canções mais melódicas e mais "prontas pra rádio", equilibrando com as várias faixas na vibe mais guetto.

"Eu não tenho medo de tomar partido
todo mundo, peguem minha mão
caminharemos juntos pela tempestade
em qualquer tempo, frio ou quente
apenas saiba que você não está sozinho
grite se você estiver na mesma situação"
(Eminem - Not Afraid)

> Se Jay-Z fez uma releitura de Forever Young fazendo o Young Forever, Eminem passa agora por Ozzy Osbourne e seu hit Going Through Changes pra fazer seu pedido de misericórdia na faixa mais triste do cd que o revela, como um bom pai de família deveria, assumindo o papel de responsável pelo futuro da própria filhaDepois da lavagem de roupa familiar, Eminem faz em 2, 3 ou 4 músicas comparações e referências a seus parceiros de Rap que estão em alta hoje em dia: Lil' Wayne, Kanye West e até T.I, nomes que por vezes tomaram o lugar nas rádios que já foi seu. E não se enganem, essa é claramente uma forma de fazer um puta elogio, já que é vindo de um artista com complexo de ser Deus e com o típico perfil associado ao tipo de música que produz: um sujeito mal encarado, raivoso, marcado pela história triste que o segue e uma vida toda desregrada.

"Estou de volta com sede de vingança
Weezy fique ligado!, T.I. fique ligado! 
Kanye, fique ligado!"
(Eminem - Talkin' 2 Myself)

> Mas já está comprovado. A melhor aposta de Eminem nesse cd foi a colaboração com Rihanna que estreia essa semana em 2º lugar no Hot100, sendo parada apenas por California Gurls que é, indiscutivelmente, a música do verão americano. Os vocais de Rihanna são impressionantemente viciantes e traz uma suavidade e romantismo que se constrasta bruscamente com os versos de um amor bandido, quase incondicional, declarado por Eminem e seus vocais rápidos e agressivos. Minhas fichas? Essa vai ser a próxima Stan e o clipe vai trazer Rihanna se queimando por conta do amor não correspondido. Você discorda? Aposte as suas!

2 comentários:

Eduardo Henriques disse...

Tenho abuso ao Eminem...

=/

Michael Matos disse...

Num é q o CD dele é legal? #eucurti