Vozes do Brasil: Isabella Taviani e Luiza Possi

> Isabella é morena, Luiza é loira; Isa é fogo, Iza é água; Isabella é grave, Luiza é agudo; Taviani é encanto e talento, Possi? também! Nas últimas semanas fui conferir os shows dessas duas lindas, ambos no Teatro da UFPE, e fiquei muito feliz por ver crescer no nosso país cantoras numa linha pop com qualidade. 

> Falar de Isabella Taviani é falar de movimentos, excessos, excentricidade e intensidade que presenciei  nos 3 shows aos quais assisti. As letras das suas músicas por si só nos revelam sua personalidade, mas, ainda assim, a presença de palco e expressão corporal estiveram lá pra nos garantir que não estávamos assistindo a outro show. No novo cd Meu Coração Não Quer Viver Batendo Devagar a pegada é mais romântica, suave e no show ela canta 10 das 14 faixas do disco que traz a popularzinha Presente-Passado, trilha sonora de Viver A Vida. O novo trabalho vem cheio de músicas prontas pras rádios como Borboletas e Risos e Arranjo, dueto com Zélia Duncan. 

> Os pontos altos do show foram Todos Os Erros Do Mundo e (a queridinha dos fãs) Digitais, que ganhou versão mais lenta, "pra dançar junto", segundo ela. O palco, muito mais elaborado dessa vez, foi todo ambientado para parecer uma oficina, fazendo alusão ao ensaio fotográfico do novo trabalho. Infelizmente, não se pode dizer o mesmo da banda, que se mostrou pouco afiada e segura, sendo talvez o ponto fraco do show, afinal, a cada show que assisti, percebi que a banda foi mudando e evoluindo, embora ainda não esteja no ponto. De qualquer forma, Isabella é estrela com brilho próprio, gosto de chocolate meio amargo e voz potente, versátil. Se Diga Sim trouxe o seu nome a um reconhecimento fora da Região Sudeste, Meu Coração tem a pretensão de colocá-la  a nível nacional.

> O meu saber do trabalho de Luiza Possi antes do dia 20 de Março se resumia às trilhas sonoras das novelas da Globo e aos clipes de Dias Iguais e Eu Sou Assim do começo de carreira pop-teen. Graças à minha irmã, que praticamente me puxou pela mão para que fosse conferir as quase 2 horas de duração de show, assisti o espetáculo de uma tiete 2ª fila, prestei muita atenção e agora posso dizer: me encantei! Isabella eu já tinha lido, decifrado, sacado a essência, Luiza foi surpresa que chegou muito agradável, doce e graciosa. 

> O show é do cd Bons Ventos Sempre Chegam (2009), que traz Tudo Certo, Toda Vez e, mais recentemente, Eu Espero (que ganhou até clipe). Luiza conhece e utiliza muito bem o seu timbre e alcance vocal, permeando entre os universos pop e mpb. Quem foi achando que o seu trabalho se resumia a baladinhas açucaradas como Escuta e Tudo Que Há de Bom, ficou boquiaberto quando ela arriscou uma versão de Maneiras de Zeca Pagodinho, que, por sinal, arrancou aplausos empolgados e assobios encorajando-a a virar o copo de cerveja que empunhou ao final da música.

> No momento mais intimista do show, Luiza foi ao teclado cantar uma música de Lennon, um cover de Don't Know Why [Norah Jones] e outra que, me perdoem, não lembro. Foram muitas surpresas, no entanto, a mais inusitada - sem dúvidas - foi a versão em voz e violão de Não Aprendi Dizer Adeus. A banda me pareceu bem ensaiada, coesa e mostrou versatilidade nos ritmos, alternando os vários instrumentos presentes no palco. Os pontos altos foram a dobradinha das putas chique/rock'n roll de Chico Buarque com Folhetim e Tango de Nancy. Escuta me deixou arrepiado, Paisagem impressionado e Maneiras deu a malemolência de quase dizer "não me julguem pela capa".

> Resumindo, aconselho todos a baixarem Bons Ventos Sempre Chegam e Meu Coração Não Quer Viver Batendo Devagar. Boa Noite !